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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Olhos Preciosos

Olá pessoal, uma amiga minha me mostrou alguns contos de um amigo dela e teve um que eu achei super legal e decide postar aqui pra vocês verem, espero que gostem tanto quando eu gostei ;)




Olhos Preciosos


Minha mãe costumava citar um verso pra mim , todas as noites antes de dormir.
– "Quando a grande lua surgir, e a noite chegar
Nos olhos dela não irei olhar
Pequena e frágil, vazio profundo
Nos olhos dela, não sou desse mundo."
Confesso que este verso não era nada bonito, e eu não o compreendia de verdade, bem, pelo menos não até aquele dia.
Há alguns anos atras , minha avó estava passando por problemas na fazenda onde morava, eram problemas burocráticos com o seu vizinho sobre demarcação de terreno. Eu viajei até a casa dela no interior , para a ajudar a resolver isso.
A viagem era de ônibus, durava aproximadamente duas horas. As quais eu tive que passar do lado de um homem ignorante que estava discutindo com alguém no celular, e não parecia notar o quanto a conversa alta dele estava incomodando a todos em volta.
Finalmente cheguei na casa da minha avó, entrei, tomei um chá com ela, discutimos por um tempo sobre o que iriamos fazer pra resolver o problema com o tal vizinho. E decidimos ir de manhã cedo conversar com o advogado da família que morava apenas a uns quilômetros dali.
– Bem, deixemos então isso pra amanhã, vou dormir agora. Onde fica o quarto de hospedes?
– Suba a escada, e entre na segunda porta a direita. Boa noite querido.
– Obrigado. Boa noite.
Entro, e vejo que tem um álbum jogado na cama, é o álbum de fotos da nossa família. É um álbum bem velho e surrado, mas as fotos ainda estão em bom estado, resolvo dar uma de Sherlock e tentar investigar o passado dos meus pais. Pelo que vi ali, meu pai era um cara bem extrovertido e brincalhão, tinha diversas fotos em que ele estava machucado ou se machucando, provavelmente por pular cercas, e correr na rua. E minha mãe era o oposto, a garota tímida da cidade pequena, que ficava vermelha quando ele chegava perto dela, bem pelo menos ela estava vermelha em quase todas as fotos deles dois juntos. Exceto uma, em que eles estão se beijando. E é essa foto que mais me interessou do álbum, não pelo beijo deles, mas por uma garota que estava atras deles, os observando. Os olhos dela eram calmos, mas não eram normais, eram os olhos de um psicopata planejando algo, era sombrio, e me deixou com um nó na garganta.
– Isso não é nada, deve ser só uma garota que gostava do meu pai e tava com ciumes. É , é exatamente isso.
Apesar de dizer isso, eu estava nervoso, muito nervoso e sempre que fico assim eu instantaneamente fico com calor, então resolvi abrir a janela e observar a rua. Era realmente um lugar vazio, apesar de ser interior e estar em uma fazenda, tinha uma cidade a poucos quilômetros, então eu esperava que alguns garotos andassem por aqui a noite, mas eu estava errado, o único movimento era de alguns animais pequenos que passavam pelas estradas de terra. A coisa mais interessante desse lugar era a lua, que era grande e brilhante demais, até mesmo para um lugar no interior onde as luzes da cidade não existem para ofusca-la.
– Que lugar tedioso. Acho melhor dormir mesmo.
Deitei na minha cama e coloquei o álbum de fotos numa mesa de madeira pequena que estava ao lado da cama. Aos poucos eu pego no sono.
De repente, um vento forte entra pela janela e derruba o álbum em mim, o que me faz acordar assustado. Quando olho pro álbum, ele está exatamente na foto do beijo dos meus pais, só que dessa vez, quando olho pra garota ela está sem os olhos. Eu congelei, não consigo descrever quão grande minha sensação de medo foi no momento, e o nó na minha garganta ficou ainda maior. Eu resolvo fechar a janela, e jogo o álbum de fotos em qualquer canto, mas, não ouço ele cair no chão.
– Ela era linda não é?
Eu fiquei paralisado, era ela. A garota da foto, eu não precisava nem olhar pra saber, alias, eu não queria olhar.
– Ela tinha lindos olhos, que só olhavam pra mim. Até o dia em que eu morri. Então, ela olhava pro céu, na esperança de me ver, e eu ficava feliz com isso, até que seu maldito pai entrou na vida dela, logo ela não olhava mais pro céu. Ele roubou os lindos olhos dela de mim.
– ...
– Você tambem tem lindos olhos, assim como o dela. Posso vê-los?
– ...
Eu não sei exatamente como, mas eu sabia que não devia me virar.
– Não seja mal educado, pelo menos fique de frente pra mim enquanto eu falo com você.
– ...
Eu me viro com meus olhos fechados. Me recusando a ver aquela terrível coisa que estava ali comigo.
– Olhos fechados? Sua mãe resolveu deixar você vivo. Como o amor materno é lindo.
Eu não ouço mais nada, mas sinto algo me empurrar e caio de cabeça em algo, que me faz desmaiar.
Pela manhã acordo, e quando chego na sala, minha avó está arrasada, chorando desesperadamente. Era a minha mãe. Ela estava cega, e meu pai estava morto. Agora eu sabia, aquela garota iria levar meus olhos se eu tivesse a olhado, mas a minha mãe me protegeu com seus versos que não me deixaram abrir os olhos. Se eu pudesse voltar e deixar ela ficar com meus olhos no lugar dos do dela...
... Bem isso não importa agora. Já faz tanto tempo que eu e minha mãe não estamos mais vivos. Mas e você....
... Seus olhos são lindos. Porque não me deixa vê-los?

Autor: Lukaz Storn

Ráyca de Oliveira

5 comentários:

  1. Muito legal Rayssa. Tambem gostei muito desse conto. Bjs

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  2. Muito legal Rayssa. Tambem gostei muito desse conto. Bjs

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  3. Muito legal Rayssa. Tambem gostei muito desse conto. Bjs

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  4. Caraca, esse conto arrepiou até a alma. Que sinistro. Muito bom mesmo, fiquei impressionada. Lukaz, pode ir começando a escrever um livro ok?! Ficou bem legal essa resenha Ray. Parabéns. Bjs

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    1. Obrigado, fico feliz por ter gostado. Estou atualmente escrevendo uma história na minha conta no Fanfiction, se quiser dá uma olhada lá, o nome dela é "Storn" e está atualmente na sua segunda temporada ^^

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